Dokonjo Daikon


O Show Brasileiro do Gogol Bordello
dezembro 31, 2008, 1:44 am
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Para quem não sabe, estou em Nova York e hoje fui no show do Gogol Bordello. E que show. Vamos por partes.

Webster Hall

A melhor analogia mesmo para o Webster Hall é a da Sabrina. “É tipo um Opinião”, mas no nível de Nova York, é claro. O prédio é de 1800 e não sei das quantas, cabe mais gente e o som é realmente bom. As semelhanças estão na fila para a chapelaria e as bebidas ultra-caras (até hoje ainda pode usar hífen né? :P).

A Chegada

Chegando no lugar, baita fila. Cheguei às 18h15 para um show que iniciaria as 21h (com show de abertura às 20h). Ta beleza, telefonei pra Nisia, que me perguntou qual seria a banda de abertura, respondi que nem tinha prestado atenção. Sete horas da noite cravado abrem as portas pra gente entrar.

Entrei, deixei meu casaco na chapelaria (ROUBO pagar 6 dólares por isso, mas tava um calor insuportável lá dentro…). Subi as escadas e para a minha surpresa o que ouço? “Olha a cabeleira do Zezé! Será que ele é? Será que ele é?“, seguida de “Ô jardineira por que estás tão triste?” e “é uma timaço” e por aí vai. Uma série de músicas de carnaval de salão de – acredito eu – das décadas de 40 e 50. E eu pensei, “tu vê só”. Peguei a primeiríssima fila, lá na frente. Isso que dá chegar cedo. Detalhe: sold out, socado, trilhares e trilhares de pessoas.

A Banda de Abertura

E começa o show da banda de abertura. Entram uns sujeitos no palco, entre eles um vivente tocando triângulo. Oxente, isso parecia muito com algo que eu conheço. Aí ouço alguém gritar “AÍ NEGÃO!!”, mas ele responde “Say what?”. Nah, não podem ser brasileiros. Começam a tocar um instrumental estupidamente bom, com a melodia principal vindo de uma flauta transversal de madeira. Aí eles começam a cantar “Á É Í Ó Ú Ipisilone”. Bah. E daí corre o português solto. Forró atrás de forró, mas com um toque de rock, tipo Mombojó, Cordel e afins. Muito bom!

O nome da banda é Forró In The Dark. (Perdoem a qualidade da foto de celular).

Forró In The Dark

Forró In The Dark

Claro que no primeiro intervalo silencioso entre as músicas eu grito “TOCA RAUL!”. O flautista deu uma risadinha e o Davi, o cara do sopapo ali fala no microfone “Isso é Raul mermão, forró nordestino dos bons!”. Aí ele pergunta se tem brasileiro na platéia, eu levanto a mão e mais uns dois mais ao fundo.

No final do show conversei com o Mauro, barriga verde e segundo da esquerda pra direita na foto. Me convidou para um outro show deles dia 9 no Joe’s Bar. Eu e o pai pensamos em ir.

Gogol

E deu de Brasil né? Vamos ao Gogol! UCRÂNIA! Leste europeu! Entra Eugene, galera vai a loucura! Ei, peraí seu caceta! Ele tá com uma camiseta que é a bandeira de Pernambuco! As calças dele têm uma bandeira do Brasil bordada! O casaco dele tem um BRASIL bem grande atrás. E o gaitista também usa uma calça igual! Pô, o Brasil tá em alta lá. Mas sigamos.

Ele começou com “Everything is Illuminated”. Admito que não sou um mega-fã hardcore ultra-power deles, não vou reconhecer todas músicas como no Ben Folds (que digamos de passagem, foi um lixo em termos de apresentação se comparado com esse, apesar de ser um músico que eu admiro mais). A galera quase botou a baixo aquele lugar. E eu agostumado com bunda-moles no centro dos EUA que só dão uma balançadinha na cabeça, se muito. Bah, o pessoal começou a pular que nem louco! Eu posso garantir que esta foi a vez que fiquei mais apertado em show na minha vida! O mais próximo disse havia sido o Oasis em SP em 97. Nisia, Leo e Ricardo talvez tenham passado por algo semelhante no Pearl Jam. Fantástico. O cara é um artista. Dança, pula, bebe vinho e sei lá mais o quê.

Eugene entra antes da banda

Eugene entra antes da banda

Música atrás de música ele detonava e a galera pulava que nem louca. Teve mosh pit (de criancinha, mas teve – não, não me meti), empurra-empurra e tudo mais.

O violinista, “wearing purple”, é claro, é outra figura. Todos são, só vendo.

Publiquei dois vídeos completamente indaudíveis no meu flickr.

Em um ponto do show, ainda no início, aparecem duas dançarinas/artistas fantasiadas de… algo. Uma toca pratos e outra toca bumbo, daquele de banda marcial. Fazem uns backing também. Ficaram pululando pelo palco até que tiraram parte da roupa para revelar mais. E o que vejo? “PAPAI, OBRIGADO POR SER SANTISTA”. As gurias estavam usando camisetas feitas para bebês da torcida do santos, além de shorts femininos do peixe. Pô, DEU de Brasil né?

Uma hora a galera cansou de pular tanto, eu inclusive. 😛

Na hora que ele desceu do palco, eu apertei a mão dele.

E teve uma hora que ele coloca um balde em cima do microfone e começou a batucar. Ele atirou uma baqueta pra esquerda do teatro, a outra ele atirou pra mim. Tá aqui em casa 😛

E então eles saem, voltam pro bis e tal. Eu chamaria de intervalo, porque foram mais umas 7 ou 8 músicas. Bem, uma hora ele vai lá dentro e volta com um livro. Fala do livro, diz que ele escreveu a introdução e diz: vamos ver se vocês são bons e sabem cantar isto: “ô Teresa, blablablanãomelembroenãoconhecia”. A brasileira seguiu cantando sozinha lá do fundo, mas acho que ele não ouviu. Aí ele xingou a galera e começou com um Another Brick in The Wall Part MMVIII e emendou com “Start wearing purple”.

E mais um tanto e acabou. Fenomenal. Estou cansado, podre e fedorento e vou pro banho antes que desintegre.

E não, não consegui falar com o Eugene depois do show. Fica pra próxima.

Saída

Coisas boas: Achei 26 centavos no chão e um ingresso não pisoteado (que eu peguei porque como comprei online estava com o nome na porta). Metrô super-eficiente de madruga, ruas ultra-seguras. Tranqüilíssimo (trema também ainda pode, né?)

Coisas ruins: UMA HORA na fila pra pegar meu casaco de volta. E ainda pedem GORGETA! Para pegar um número (999 o meu) e tirar um casaco de um cabide e devolver! Salário pra quê?!